Meu naufrágio é tua pele, essa permanente rota de desvario e perdição. E quando me delito em teu ouvido em confissões indecentes, num dialeto de entrega e invasão, quando profano tuas esperas, é porque quero me perpetuar na tua falta. E ficar tatuado nos instintos, nas reações primitivas de teu corpo insano. Porque quando tiver de partir, de impossibilidade de amor, ou vida, cortado o fio pelas deusas que tecem o fio do tempo, eu saberei que tu me plantará numa flor qualquer no canto do jardim, na frente do armário quando escolher um vestidinho que dançe ao redor ti, quando se desequilibrar na bicicleta e teus braços buscarem amparo no vazio. E tua boca, esse abismo de ausência, na distância, esse aceiro a dominar todos os incêndios, quando oferecida, é minha cobiça e destino.
Eu te nomeio e tu me reinaugura. Te imagino e tento. Se vier o mundo será só enfeite...
Um comentário:
Um poema, não fosse pela ausência de métrica. Lembrou- me a poesia de Ana Paula Tavares, uma angolana que mistura a cartografia da pele com natureza e instintos.
Gostei muito!
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