segunda-feira, 4 de junho de 2007

A influência do arroto na vida sexual



A proximidade de homem e mulher costuma ser fatal. Vítima da fome ancestral e da necessidade de preservar a espécie basta rolar uma convivência ambiental que os vestidos se incendeiam e o destino biológico se cumpre, goste o papa ou não. Aliás, como diz uma amiga, se o papa for contra é até mais excitante. O certo é que não existe regra do lado debaixo do equador e para ser sincero em nenhuma outra localização geográfica.

Embora o ato não seja dos mais belos visualmente ele é compensado pelo resultado antes, durante e depois e uma trilha sonora que, apesar de repetida exaustivamente, tem um componente tribal capaz de mover ao êxtase até os menos entusiasmados.
Esta atividade fornicativa, por assim dizer, além dos benefícios às indústrias, redes hoteleiras e comércio do banco reclinável, traz consigo toda uma operação ritualista e fetichista que incluem calcinhas pretas, dançar colado coração com coração se podemos dizer assim, promessas de nunca abrir mão daquele amor e pedidos que aquele beijo inesquecível não seja dado em mais ninguém.

Acontece que, embora seja gênero de primeira necessidade, e da pressão biológica que chama e, às vezes grita, nem sempre o sistema pega no automático e ainda que não se fuja da luta nem tudo parece um impávido colosso. Não basta apenas desejo, paixão, amor, tesão e silicone para que um casal dê certo na cama. Nem entender só de astronomia, anatomia e enologia pois o mulherio botou na pauta do dia que o fundamental é a química. Às vezes, um detalhe, uma palavra inadequada, um gesto, uma tatuagem, põe tudo a perder.

Recentemente, um amigo, profissional liberal, me procurou para conversar pois estava tendo problema na área do libidinoso. Recém separado me disse que andava rearrumando a vida, depois da tempestade econômica que é a separação, tocando a vida sem maiores aventuras. Havia decidido passar um longo tempo sem fixar-se com mulher nenhuma, não porque um segundo casamento fosse uma praga, como diz o papa, representante de São Pedro, mas porque não queria nenhum desgaste emocional. Afirmou que mal dizia bom dia a uma mulher e ela já queria mudar de mala e cuia pra sua casa, ou o que restou dela. Decidiu então ficar mantendo relação só com algumas garotas de programa.

- Era tranquilo. Elas fazem o que a gente quer, não exigem nada. Até esta última. Depois dela não consigo mais ficar com mulher nenhuma. Não funciono mais...
- Mas o que aconteceu?
- Bicho ( ele ainda fala bicho), eu tava lá com a mulher nua, no embalo tradicional, me achando o tal quando ela parou no meio e falou comigo, irritada.
- porra cara a gente tem de topar tudo, mas assim não dá não. Você arrotou transando comigo.
- Depois disso broxei. Meu amigo quando até garota de programa te dá esporro porque escapou um arroto é o fim da linha. Me diga se não é?

- Você podia ter dito que era porque estava comendo bem. Calma. Brincadeira. Companheiro não sei não, mas se tu ainda pensar em mulher, talvez tua única salvação seja trocar o viagra por uma caixinha de Alka-Setzer.

2 comentários:

Anônimo disse...

César

Uauahaha. È o fim de linha total...

Anônimo disse...

as mazelas e sucetibilidades de cada um, as dele e as dela... E a vida trata de juntar uma prostituta que não suporta arrotos no ato e um cara que arrota exatamente nessa hora... misteriosos encontros...
E você está a caminho do manual, primeiro 'o papel do caranguejo na abordagem amorosa', depois 'a influência do arroto na vida sexual'. Qual será o próximo tema do Dr. Sexólogo?
Um abraço