Porque é tecida de flores nas manhãs de sábado e lua na alma te debulho e espero. Tu, meu altar de palavras e rendição, minha cobiça e vontade. Porque sei das vastidões que te cabem e dos percursos de mulher que te permeiam, te sagro e chamo, te convido ao improvável. E porque sei que a mais longa das vidas pode ser vivida em um instante me curvo ao teu ouvido, te dispo dos pudores e te semeio fêmea imaginária. Para que tua pele se contorça da falta da minha mão e suas ambições me inscrevo em tua memória, para que saiba que não há rota de fuga sem que te percorra a eterna pergunta do que seria este encontro. Mas, se vier, tua palavra inaugurará países e terras únicas, como feitiço regenerador. O tempo será uma ilusão e a eternidade durará a permanência de tua boca. E tua beleza milimetrica, o linho de teu cabelo solto e os fios de mar selvagem e inexplorado de teus olhos, teu vestido a separar os meridianos de meu mundo, me fará inventar alfabetos, dançar na chuva, ler revista em quadrinhos, pular amarelinha, pois saberei que, sendo teu homem, tudo, até aqui, terá feito sentido e razão.
Não importa o tempo que ficará. O que te nomeio não carece de perenidade e sim de entrega. Nos teus poros, como numa rede de pescador, ao avesso, migro para dentro de você. Te sagro vencedora...
Para que, vencedora, ceda...
Um comentário:
Há pouco eu li: “A existência é para sempre em cada momento” (Ferreira Gullar)
É nesse "para sempre" que precisamos, é nele que mora a eternidade e o que há de essencial.
Outra belíssima prosa poética, acho que está aí o seu melhor,
abraços!
Fernanda
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