As páginas dos livros recendem ao teu cheiro. Abrí-las é percorrer novamente o alfabeto de teus desejos, de teu amor. Como se as palavras fossem teu manto e veste única e a leitura dos dedos sobre as páginas tocassem tua nudez. Assim, outra vez, eu sacio tuas vontades e domo teus receios, inscrevendo meus sonhos, minha história do mundo, minhas necessidades de humano na tua memória. E, então, apaziguo minhas dores de homem, na delicadeza de tua pele, na inocência e abismo de tua boca, na paz de tuas coxas de dona. Sei que minhas guerras se renderam ao teu jeito de quem fia o mundo inteiro e à tua posse, de quem se inscreve inteira, completa e irreversível, nas terras do outro. E me farto desse teu cheiro, de mulher, que não me deixa. Que poreja e alucina. Banquete e escassez. E o perfume em cada folha alardeia, através dos tempos, teu nome a todos os cantos de tua ausência...
Um comentário:
Belíssimo!
As letras estão bem guardadas aqui nesse empório ;)
Abraços, doutor!
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