sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Da Estratégia das mulheres e a arte de guerrear

A estratégia militar tem seus mestres ao longo da história. De Alexandre, o Grande, a Aníbal o Cartaginês. Do barão francês Antoine-Henri de Jomini passando por Napoleão, até os modernos organizadores das guerras eletrônicas. São reverenciados pela capacidade de criar estratagemas e táticas capazes de imobilizar o inimigo e lhes conceder a vitória, mas a verdade, é que nenhum general de dez estrelas chega aos pés do poder estratégico de uma mulher.

Caso não tenha percebido, dedique-se a observar uma mulher quando fixa um objetivo a ser alcançado, especialmente se o mesmo diz respeito à presa indefesa do sexo masculino. Interrogue-lhes por meia hora e descobrirá a vastidão de artifícios, truques, disfarces, armadilhas, atos, ardis, negações, detalhes que elas usam como se estivessem manipulando exércitos e conquistando passo a passo as posições do inimigo, que acabam por assinar inevitavelmente a rendição, na cama, no altar, ou nos dois. É verdade caro leitor. A mulher determinada a conquistar seu príncipe encantado ou -vá lá que seja- o “sarado” da ocasião, aciona uma complexa rede de análises e combinações que sempre lhe conferem vantagem. Ou você ilude-se que conquistou alguma mulher sem que ela houvesse permitido antes? Você acha que em alguma ocasião conseguiu surpreendê-la, ao abordá-la, ou apenas cumpriu seu papel de visita esperada?



As mulheres possuem um sofisticado mecanismo de rastreamento de possibilidades, infinitamente superior a qualquer sistema de espionagem por satélite. Ao estrear em um ambiente, seja ônibus, bar, boate, festa, clube, ela rastreia todos os homens automática e inconscientemente, decifra-os, realça seus pontos fortes e pesa as fraquezas. Afinal é necessário que esteja sempre prevenida, contra eventuais abordagens, como um espião em alerta máximo. E se dedicarão, cúmplices, a trocar impressões com as amigas, embora muitas vezes, evite comentar exatamente aquele que lhe interessa, pois nem sempre se sabe o tamanho da cobiça de uma amiga. Em instantes desenharão a geografia de seu corpo, os vícios, a promessa de sexo inesquecível, de uma paixão torrencial, ou a ausência de futuro. Mesmo quando cede a uma relação que lhe doerá, será opção de sua alma, uma fraqueza, um pagar para ver, uma necessidade de risco, nunca um desconhecimento do parceiro, ou se preferir, adversário.



Quando almeja um homem verdadeiramente, a mulher é capaz de mover céus e deslocar o eixo da terra para fazê-lo dela. Vasculhará listas telefônicas, recorrerá a todos os conhecidos, voltará ao local onde o viu, até conseguir o mais planejado dos encontros casuais. Antes, escolherá a roupa do encontro com tanta preparação quanto um soldado que vai enfrentar a batalha de sua vida, verifica seu uniforme. Da barriga ligeiramente exposta, a uma temporária tatuagem no dorso, no ponto exato onde a imaginação masculina perde o freio. Usará pulseiras como um farol sinalizador, e os olhos parecerão sonares rastreando o fundo do mar à caça do seu tesouro de desejo.

Ah. A inquietação e as dúvidas de uma mulher que espera o destinatário de suas intenções, em uma festa! O batom, o perfume, o cabelo solto sobre os ombros como uma moldura dos deuses, nunca lhe parece o bastante. Até que ela o avista e o cenário da batalha se incendeia. Não há como fugir, de sua despretensão intencional. Não sabemos com certeza, mas o corpo de uma mulher, neste instante, mais que feromônios, deve liberar alguma poção enfeitiçadora, que nos amolece a alma. Seus movimentos tornam-se lânguidos e tomados de irreversível sensualidade. Receptiva, ela fica a um passo de miar como uma gata em pleno cio.

Seu riso será uma iluminura de estrelas em nosso destino. Ela se aproximará e sua aproximação acionará mecanismos tão complexos e sofisticados como se fossem dois módulos lunares se acoplando no espaço sideral. Se a conquista for dessas da convivência diária, ela lhe concederá pequenas visões de seu paraíso particular. Uma blusa desenhado os seios em ereção, as costas nuas fazendo vacilar suas convicções e, carga definitiva, capaz de romper a mais séria das linhas de defesa, as pernas bem torneadas sob um vestido de comprimento milimetricamente preciso, cruzadas e descruzadas, com a mais desleal das inocências. Com a boca úmida, lhe fará consultas sobre um livro, um dever, uma festa, um trabalho. Não importa. Manter-se-á próxima, com a proximidade de inimigo que se infiltrou entre suas tropas, buscando seus pontos indefesos.

Ela descobrirá seus gostos, seus gestos, cantará sua música, lerá seus livros, em um mimetismo de borboletas em seleção natural. Dançará com você no que lhe parecerá uma dança, mas que é na verdade um ritual de acasalamento. Sua generosidade, seu companheirismo, será seu cavalo de Tróia.



A nós homens, óbvios e básicos, restará apenas morde-lhes a nuca até que suas pernas tremam e gozar as delícias com elas recompensam a nossa derrota.


Cesar Oliveira - Jun/2001

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