quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Devaneio

Não, não seguirei tuas ruas habitadas. Nada sei de todos. O meu desejo é mandiga para te virar do avesso. Por isso quero as linhas ocultas de teu corpo, as intocadas, as que, como orquestras, vibram em concerto, quando os dedos, ou a língua, recitam teu dialeto, na pressão exata.

Não me rendo as promessas de ocasião, ou folhetim, que sabes dizer. Não admito nosso santo nome dito em vão. Não ouço e não digo o que rola por aí. Mas quero seu ouvido para saciar as sílabas que trago na minha espera e exílio para compor - gelo deslizando sobre o nervo exposto-, os dizeres que não disse, as palavras de amor e as devassas, as que se ocultam no teu imaginário de fêmea, para que seja amada e puta, aprendiz e dona do pedaço, feitora e escrava, nas tardes de abandono.

Não me interessa tuas andanças. Serei nomade deste início. Cruzarei teus meridianos, invadirei como barbáro as portas do relicário, por meu território. Onde te inauguro, me nomeio. Migro, e te sei de milagres, no que dilato e amplio quando me ofereço para tua doma, como se fosse eu tua mulherzinha.

Que dançe, sem fios que te conduzam para fora do labirinto. De mãos dadas faremos um pacto de sal e vinho, e nos atiraremos. E teu prazer em voar será minha única tábua de salvação...

2 comentários:

Anônimo disse...

Que coisa mais linda!!!!
Parabéns!!

Carmen Eugenio disse...

Sonho, êxtase....que direi???? Apenas que partilho de suas entrelinhas...