Remetendo a nossa memória de A Bela e a Fera, a lenda, e ao filme de Cocteau, A Pele, embora lento em algumas passagens, contido, foi injustamente criticado por todos que adoram emoção servida em dose cavalar e exuberante, no estilo blockbuster.
Embora se refira a famosa fotografa Arbus, uma artista que teimava e insistia em relatar o inusitado, meio simbolizado no filme pelas aberrações humanas, ou excluídos, ele não é biográfico. E centra-se me construir uma história , uma explicação para suas escolhas.
Em verdade é apenas a trajetória de uma mulher insatisfeita – esta perigosa e tão comum cena humana-, desencontrada, que vai aos poucos se despindo física e metaforicamente. Para os que se sentem desobrigados de pensar ou de ver um filme e prestar atenção, ele é cansativo, mas para quem fizer o esforço, enxergará uma história de paixão desenfreada, de revelação, construída meticulosamente por Lionel ( que tem hipertricose, uma doença que faz crescer os pelos exageradamente) , a solidão , o encontro além dos limites até quando, finalmente, ela raspa todos os seus pelos e eles se entregam sexualmente. Antes da morte.
E quando ele enche uma bóia de ar e ela o respira depois de sua morte o lirismo e o desespero se antagonizam. Verdade que, filme com a Nicole Kidman, consiste em passar metade do tempo com a câmera fechada em seu esplendoroso rosto, em close, até a cena final de sua nudez.
Ela é de uma beleza que nos arranca da indiferença. O filme não é um espatáculo fenomenal, mas vale assistir. Para quem não precisa dos happy-end óbvios.
Um comentário:
Nicole é uma atriz fantástica. Não vi o filme ainda, mas se não gostar da história, tenho certeza de que valerá a pena pela atuação dela. :)
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