tela de Juracy Dórea
A cultura de Feira vive em permanente exílio. Na segunda cidade do estado não há projeto cultural definido, demarcação de identidade cultural ou otimização do potencial econômico, educativo e de valorização da vida que a cultura permite. Esta situação decorre, sobretudo, de não termos uma Secretaria de Cultura capaz de atuar como agente catalisadora das múltiplas manifestações culturais e unificadora dos atores do setor, exatamente por ser destinada à acomodação política o que impede sua ocupação por lideranças com domínio técnico.
Ao longo dos anos, tivemos apenas uma política de eventos dispersos e desintegrados. Com a maior parte das verbas alocadas na Micareta -festa padronizada e mercantil- e no São João -cada vez mais desfigurado pelo axé-music-, restam pouco recursos para viabilizar ações culturais.
A Fundação Egberto Costa não consegue cumprir de forma plena os objetivos de seu Estatuto, e a menina dos olhos - o Museu Parque do Saber-, apesar do eficiente diretor e de ser um bom espaço educativo e científico, não é, em essência, um instrumento cultural. A Secretaria de Cultura, esvaziada pela Fundação, dedica-se ao Esporte e Lazer. Culturalmente, tornou-se irrelevante e seus espaços de ação são limitados. Os teatros apresentam entraves funcionais, o fervente e insalubre Mercado de Arte está descaracterizado e transformado em mero espaço comercial, e o Museu de Arte Moderna, salutar criação de Juracy Dórea e José Raimundo Azevedo, está aquém do seu potencial. O Pró-Cultura é um projeto que não consegue tornar real a captação de recursos na dimensão exigida.
O patrimônio arquitetônico vai sendo impiedosamente destruído, à exceção do Casarão dos Fróes da Motta salvo pela Fundação Senhor dos Passos que, aliás, realiza ações de preservação da memória, a exemplo do excelente acervo de filmes de curta duração que resgatou. E o Casarão dos Olhos D’Àgua que foi- vá lá- restaurado.
O agente cultural mais ativo é o CUCA, da UEFS, dirigido com competência por Selma Soares, que, apesar da limitação de recursos, desenvolve ações contínuas, como o Festival de Sanfoneiros, exposições, teatro, cinema de arte, Caminhada do Folclore, e algumas inovadoras, como o resgate do Bando Anunciador, Pôr do Sol, o Aberto do Cuca, entre outras.
Apesar das inserções do CUCA, a UEFS, com sua massa cultural e pós-graduações, mantém certo isolamento, quando, por ousadia e obrigação social deveria mapear, discutir e oferecer uma proposta cultural não internamente, mas à cidade, sugerindo diretrizes aos órgãos efetores. Aliás, em recente conversa do Tribuna Cultural com artistas, sugerimos um encontro sobre cultura na UEFS que permitisse subsidiar estas diretrizes. A UEFS tem o dever e a capacidade de desenvolver projetos de pesquisa e captar recursos junto aos órgãos de fomento, direcionando-os ao estudo da cultural local e inserindo-se na comunidade de forma mais protagonista.
Apesar das inserções do CUCA, a UEFS, com sua massa cultural e pós-graduações, mantém certo isolamento, quando, por ousadia e obrigação social deveria mapear, discutir e oferecer uma proposta cultural não internamente, mas à cidade, sugerindo diretrizes aos órgãos efetores. Aliás, em recente conversa do Tribuna Cultural com artistas, sugerimos um encontro sobre cultura na UEFS que permitisse subsidiar estas diretrizes. A UEFS tem o dever e a capacidade de desenvolver projetos de pesquisa e captar recursos junto aos órgãos de fomento, direcionando-os ao estudo da cultural local e inserindo-se na comunidade de forma mais protagonista.
Quanto ao estado, seu Secretário de Cultura desconhece Feira. Suas falas por aqui se revestem de mediocridade e indiferença. O Centro de Convenções segue inconcluso, sob um festival de desculpas esfarrapadas de suas lideranças. Já o Amélio Amorim é um monumento ao descaso e um desrespeito à comunidade e memória local. O teatro e as salas do CCAM realizam algumas atividades, mas o Complexo Carro de Boi segue um processo de destruição que só merece o repúdio da sociedade feirense.
A peça Decameron fez sucesso aqui, mas é um retrato da improvisação. As cadeiras não têm numeração, a iluminação, bilheteiro, ingresso, água mineral, cadeiras, etc, são pagos pela produção. Os camarins são uma vergonha. Enfim, não temos um teatro que permita que produções mais elaboradas sejam trazidas, hoje um trabalho hercúleo de Edson Porto. A plateia de teatro, que já lota peças e shows, precisa de continuidade para que se mantenha cativa e se multiplique. É vergonhoso e absurdo não termos um teatro completo. O governo do estado poderia, ao menos, adaptar o Amélio, dando-lhe condições de funcionar como um espaço teatral de verdade.
A peça Decameron fez sucesso aqui, mas é um retrato da improvisação. As cadeiras não têm numeração, a iluminação, bilheteiro, ingresso, água mineral, cadeiras, etc, são pagos pela produção. Os camarins são uma vergonha. Enfim, não temos um teatro que permita que produções mais elaboradas sejam trazidas, hoje um trabalho hercúleo de Edson Porto. A plateia de teatro, que já lota peças e shows, precisa de continuidade para que se mantenha cativa e se multiplique. É vergonhoso e absurdo não termos um teatro completo. O governo do estado poderia, ao menos, adaptar o Amélio, dando-lhe condições de funcionar como um espaço teatral de verdade.
É preciso agir. Que as Secretarias de Cultura e Educação ajam integradas, que a Fundação Egberto Costa seja pró-ativa, treine técnicos e coloque-os à disposição de quem precisa elaborar projetos para captar recursos, e fomente a participação nos editais, afinal a cidade será beneficiada. O mais importante, entretanto, é que a Secretaria de Cultura adquira porte, dimensão, estatura, para que seja capaz de colocar o estado, CUCA, UEFS, Secretaria de Educação, DIREC, CDL, Galpão de Arte, grupos populares, à mesa, e todos juntos discutam a imagem física, imaginária e identitária da cultura feirense, viabilizando um projeto integrado, único e permanente, que anistie a cultura feirense do seu degredo e permita o fim do seu exílio.